sexta-feira, 29 de abril de 2011

Des-informatização

Chego, triste, à conclusão de que des-informatizei-me

Em hardware ou software, perdi o chão.

Não sei mais avaliar processadores ou placas de vídeo, e nem ao menos sei qual é a versão mais recente do Windows (!!) e se ela presta.

O fio da meada foi-se já há algum tempo, e hoje preciso engolir o orgulho por completo: se eu tiver de comprar um computador novo, terei de confiar no vendedor.

A que ponto cheguei!

Eu nunca fui o bicho-da-goiaba no mundo da informática, mas sempre dominei o básico. Aí que meu computador era como meu umbigo: sabia muito bem o que acontecia com ele, e poucos, pouquíssimos, podiam tocá-lo –
preciso melhorar essa metáfora.

Mas hoje, se meu conhecimento de informática correspondesse a qualquer parte do meu corpo, seria como as minhas costas: tão indefesas contra bilhetes colados!

E a coisa vai piorando conforme passa o tempo... A chuva meteórica de redes sociais e similares me assusta, tamanha é minha ignorância delas! Tudo bem, vá lá. Uma pessoa pode passar muito bem sem elas. Ninguém há de morrer por não ter um perfil no MySpace ou no Tumblr - mas talvez não se possa dizer o mesmo do Orkut.

Porém, o orgulho ferido, aquele comichãozinho que diz 'em outros tempos você saberia dessas coisas', acaba cutucando insidiosamente.

Talvez por isso resolvi arriscar-me nas áridas e inexploradas terras do Facebook. De quebra, mandei ver – só ando tentando, pra ser sincero – no Twitter.

E qual foi a frustração!

Quando achei que o fundo do poço vinha chegando, continuei a cair... Lá fui eu no Google buscando manuais que ensinem a usar o Facebook. Sim, caí até aí.

No Twitter ainda não recorri a tão sórdida ajuda, mas pelo andar da carruagem, logo, logo estarei buscando mais tutoriais.

O fato é: des-informatizei-me.

E o pior, a esculhambada de tudo, é que agora, quando vejo meus primos, lá na faixa dos 11 ou 12 anos, eles é que dão aqueles pitacos presunçosos de quem ensina o que tem como óbvio:

- Dá aqui esse mouse! Faz assim ó!

Ê vida. Nem nosso lado nerd ela poupa.

segunda-feira, 25 de abril de 2011

Homem do século XX

Às vezes me parece, numa análise pra lá de superficial, que tudo tende ao holismo. Não sei se por moda ou bom senso. Mas o holismo tá aí.

Na aula de Psicologia Aplicada ao Ensino de Línguas – que tal, hein? -, a professora nos deu um trabalho sobre a tal das Inteligências Múltiplas. E o que é isso?

Basicamente, é a teoria dum tal de Howard Gardner que advoga a favor da ideia de termos múltiplas inteligências, e não apenas uma. Neste caso, o conceito de inteligência seria mais ou menos como você ter um problema, aí esse problema traz uma série de soluções possíveis, mas só uma solução é a melhor/eficaz/resolutiva.

Bem, aí que a inteligência é chegar, assim, até essa solução e saber que é ela a solução.

Voltando então: múltiplas inteligências, não apenas uma.

Isso quer dizer que nossa capacidade em resolver problemas não se refere a uma só monolítica e absoluta inteligência; são, na verdade, oito. E elas podem ser mapeadas no cérebro – é tipo aquele caso do cara que leva uma pancada na cabeça e perde total habilidade pra uma coisa, mas para outras está perfeitamente são.

Seriam as oito inteligências: a lógico-matemática, a linguística, a espacial, a cinestésica corporal, a musical, a naturalista, a intrapessoal e a interpessoal.

Para mim, oito dimensões diferentes de medir minha burrice. Mas ok, vá lá.

Então, novamente, temos que o todo é que importa, onde o ideal é ter as oito inteligências devidamente estimuladas. Como sugere um livro acerca das inteligências múltiplas, o homem do século XX, restrito e fragmentando, é substituído pelo homem múltiplo e holístico do século XXI.

Estimulado por tão imponente assertiva, fui fazer um teste para medir as tais inteligências. Descobri o óbvio: em mim, a mais desenvolvida é a linguística (o que também é preocupante dada a suspeita qualidade literária de posts como este aqui), e a mais medíocre é a interpessoal (o que minha parca vida social já escancarava há tempos).

Quanto às outras inteligências, todas numa média irrelevante. Um pequeno destaque, talvez, à inteligência intrapessoal logo abaixo da linguística – bem, nada que minha introversão taciturna já não denunciasse.

É isso, definitivamente ainda sou um homem do século XX com sua sombra não-holística.