Ano: 2005
Gênero: Drama
"Você ja sentiu como se quisesse muito... Sei lá, mudar?"
O personagem principal é Justin: 17 anos, tímido, calado, cabeludinho, branquelo e franzino. E piora: não consegue deixar de chupar o dedão da mão. É fuga, é vício, é tranquilizante. Os personagens secundários dão o tom: essa mania é inaceitável. O pai implica, a mãe tenta compreender, o irmão caçula só enche o saco. Na escola vive nas nuvens e isolado. O que também é inaceitável. Como mudar isso? Como passar a ser normal? Como deixar de chupar o dedão? A história narra algumas respostas, e outras dúvidas, para essas perguntas.
E...bem, se essa trama ainda não sugere ser um filme americano alternativo, as câmeras lentas regadas à musiquinhas desconhecidas e também lentas – quase deprês principalmente com Elliott Smith – completam a sugestão, pois se trata mesmo de um filme americano alternativo.
Todo o drama que se desenrola é bem comum, o que certamente resulta em algumas identificações do tipo ‘eu sei do que ele está falando!’, ou 'eu sei como é'. Principalmente para os jovens que beiram a idade do personagem principal , mas a identificação, já um tanto sublimada, é totalmente viável para adultos também.
Trata do esforço pessoal para ser alguma coisa, a tentativa de encaixar a vontade com a realidade. Um quase traumático posicionamento entre os três cantos de si mesmo: o que somos de fato, o que queremos ser, e o que os outros esperam que sejamos. O filme fala de algumas ilusões que usamos como estratégia para tornar tudo isso menos desagradável: uma mentira ignorada, uma esperança tola, uma droga curativa.
"Somos todos viciados em algo. Talvez uma idéia de nós mesmos ou nossas vidas. Talvez em alguma idéia de sucesso ou fracasso."
Os personagens da história vão se mostrando quase patéticos, extremamente inseguros, redomas de vidro. Parece que todos estão ainda vivendo um rito de passagem incompleto: começaram a crescer, a amadurecer, a descobrir-se; mas em algum ponto disso, estagnaram e parecem evitar a completude. E curiosamente – e esse é um ponto de se notar em cada detalhe do filme -, Justin, o Thumbsucker, o garoto problema, no final é o que parece sair-se melhor desse momento de transição. Mas toda essa fragilidade exposta é extremamente reflexiva: talvez só fosse preciso aceitar toda a bagunça humana, como insinua o dentista de Justin, papel interpretado por Keanu Reeves.
Aliás, um papel sensacional. Apesar de possivelmente o mais secundário entre os secundários, o seu personagem dá o tom geral da história e da trama. Acompanhar a metamorfose do dentista-hiponga-esportista para um destista-engomadinho, e por fim vê-lo um dentista-largado-fumante que aceita a sua bagunça humana, é demais.
E quando o filme acaba vem a grande e agradável recompensa: um final libertador. Mesmo para um final feliz -o que as vezes tende a estragar o filme -, é um final digno de nota; encerra de forma sensível um drama que tem o mérito de não ser cansativo apesar de seu ritmo lento.
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