segunda-feira, 5 de abril de 2010

Falta do que mesmo?

A luz acabou, de novo, em parte do centro de Curitiba. Terceira vez em quatro dias. E basta isso, o apagar das luzes, para que a nossa cidade se veja entregue à barbárie.

E não é algo como voltar à barbarie, pois ela nunca foi embora, nunca nos deixou. Sempre esteve aqui, freada por nós, dentro da gente. Contida mesmo por aqueles semáforos em suspenso sobre as ruas.

E que falta fazem esses semáforos.

Quando eles deixam de dar a ordem repetida diariamente – tão diariamente que qualquer cidadão minimamente socializado sabe o porque e a intenção daquelas três luzinhas -, o caos volta a reinar. Parece que ninguém nunca pegou um carro, jamais tomou conhecimento da dinâmica do transito, e não sabe que se há uma pista que vai há outra que vem e que por isso todos precisam de espaço. Esquecem que todo mundo está igualmente a fim de voltar para casa antes que aquela tarde cinza vire noite chuvosa.


Esquecem ou fingem esquecer. Desafiam qualquer interpretação otimista da natureza humana.

Faixa de pedestre não existe. Cruzamento é de quem chegar antes. Cortesia e educação são duas coisinhas vagamente lembradas. Buzina, dedos e gritos, em contrapartida, estão afiadíssimos.

E quando uma boa alma - aquela que faz valer toda nosso intelecto desenvolvido ao longo dos séculos - lembra-se de frear para dar vez aos carros que estão do outro lado do cruzamento, uma multidão sobre rodas, atrás daquele que freou, esbraveja enfurecida. Ninguém acredita que um mané vai deixar os outros passarem assim, à toa, bem na frente dele.

Todo mundo tem pressa, mas quando a luz acaba e os semáforos falham, a pressa se multiplica pela ignorancia comum e vira um auê só. E que auê.

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