Em um refúgio nas montanhas de um talentoso bilionário da internet, um jovem participa de uma estranha experiência: testar a inteligência artificial, inserida no corpo de uma bela garota robô. Mas a experiência se torna uma sinistra batalha psicológica: um triângulo amoroso, onde a lealdade está dividida entre homem e máquina.
Eis a sinopse de Ex Machina - Instinto Artificial, filme de ficção científica lançado em 2015 e que forçou muitos fãs do gênero a irem até o cinema mais próximo.
Odiado por uns, elevado a instantânea posição de clássico por outros, fica a pergunta: vale a pena assistir Ex Machina - Instinto Artificial?
A bem da verdade, é que o filme começa com uma provocação já bem batida e que por isso parece não prometer muito: a inteligência artificial é possível? Ora, essa pergunta é feita há décadas por várias histórias de ficção científica, seja de forma mais direta ou menos direta.
E o pior, esse início nos dá a entender que o filme vai naufragar no mar onde muitas ficções científicas já naufragaram mortalmente: no terrível Mar das Conversas Filosófico-Científicas Incompreensíveis (sabe como é, aquele tipo de diálogos que só o autor e um seleto grupo de intelectuais/especialistas conseguem, talvez, realmente entender o sentido).
O robô, o homem e a inteligência: quais os limites? |
Mas aí, para nossa agradável surpresa, o filme mostra-se absolutamente compreensível! E melhorando ainda mais a surpresa, o enredo faz um trabalho criativo e intenso partindo da pergunta 'a inteligência artificial é possível?', e tanto que até esquecemos o quão batida é essa problematização.
O charme especial de Ex Machina é que ele é um baita suspense. O filme cria uma atmosfera de isolamento, mistérios e dúvidas que causa uma perturbadora sensação sufoco no espectador. Não, não é um filme de sustos, mas um filme de soco no estômago, daquele desconforto de assistir a uma tragédia que se anuncia aos poucos em cada diálogo, em cada cena escura com seus personagens soturnos.
Para alguns, o final é um tanto previsível. Porém, aqui também o suspense é a grande marca distintiva e salvadora. O desfecho é rápido, não deixa brecha para interpretações dúbias e acontece elevando nossos níveis de tensão e agonia ao máximo.
Você, um cientista excêntrico e um robô humanoide... no meio do nada. Relaxante? |
Mas o mérito maior de Ex Machina - Instinto Artificial é que ele o que uma ficção científica tem que ser, ou seja, uma ficção científica! Apesar de flertar com o drama e o com o suspense, a todo momento um questionamento inteligente, provocante e atual está sendo feito (um dos efeitos do filme é ficar com um certo medo do Google). Isto é, o filme nos leva a pensar sobre ciência e humanidade e aonde essas coisas vão parar com os progressivos avanços da inteligência artificial.
Além disso, traz outra marca característica das boas ficções científicas, que é nos fazer pensar em futuros utópicos (ou, nesse caso, distópicos?), problemas éticos e em quebra de paradigmas. Quanto a estes últimos, me remeto à crítica do Cesar Castanha, no Cineplayers, que destacou o rico diálogo do filme com a questão do patriarcado.
É, pois, um filme que vale ser assistido, e isso independentemente de você gostar ou não do gênero ficção científica. Na verdade, seu ritmo de suspense envolve a qualquer um, e a experiência do filme é um tanto única (os créditos aparecem e você fica lá, no sofá, com um nó estranho no estômago e na cabeça).
Definitivamente, não é um filme pelo qual passamos indiferentes.
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