segunda-feira, 24 de maio de 2010

Mudança

E aí que agora é maio e o outono já tá pra lá da metade.

Nessa estação o clima é mais seco, dizem. Só quem não diz é o Outono, que continua chovendo. Se não é chuva é aquela quase-chuva, e os para-brisas dos carros ficam horas e horas cobertos com gotinhas minúsculas, num lento revezar-se de evaporação.

E aí que as chuvas nem pararam e já sou saudade. É a despedida que se anuncia.

Pois vai vir junho trazendo, colado, o inverno. Devo de tomar um café quente decidindo o que dá para deixar de fora da mudança e o que é imprescindível. Talvez faça uma lista. E nesse junho além do frio tem ainda a Copa. Então vou deixar a TV ligada num jogo enquanto junto as minhas coisas. Dar uma espiadela tentando encontrar uma seleção divertida para se torcer, enquanto penso como levar um mundo de quase cinco anos na bagagem

E se o zíper não fechar? Não dá pra levar esse mundo velho lá pra vida nova?

E aí que nem sei que vida nova é essa.

Mas sei que indo estarei pensando em voltar. Ou só ficar, pronto. E vai rolar a dúvida se peço desculpas pelos erros ou só digo adeus todo orgulhoso. Hesitar entre seguir partindo ou parar e tentar de novo. Coisas assim.

E aí que a vida vai acontecer sem freios, seja nova ou instantaneamente velha, seja indo ou recomeçando.
É só passar maio, cruzar junho e experimentar o inverno. A vida nova vai chegar abrindo um novo mundo. Se fosse poeta de verdade fazia poesia sobre o desconhecido. Como não sou, só adianto a saudade que terei desse velho mundo que temo, mesmo, não caber todo dentro da mala.

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