Uma garganta ferrada. Esse foi o resultado de um encontro com antigos amigos em uma gelada noite de segunda-feira.
Parece até que enquanto eu dormia alguém colocou uma lixa bem ali onde a língua acaba – ou será que começa? – deixando difícil engolir, falar ou tossir, e desde segunda essa lixa foi ficando mais e mais áspera.
Nessas horas é que a gente lembra dos milagrosos chás. Aqueles que as mães e as avós faziam quando éramos pequenos. Aqueles terríveis de gosto, que exigiam que tampássemos o nariz para conseguir mandar o treco goela abaixo. Em suma, aqueles chás que a ciência ortodoxa nega qualquer poder curativo e que nenhum médico fica a vontade para recomendar enquanto remédio, mas que nossas mães e avós sabiam bem que não tinha gripe, resfriado ou garganta inflamada que resistisse a eles.
Efeito placebo? Talvez. E funciona? Funciona. Bem, pelo menos funcionava. Por isso que eu taquei um monte de coisas fedidas na panela e mandei ver no fogo.
A receita básica é alho e limão. Há quem coloque apenas a casca do limão para ferver com o alho, e só depois de fervido acrescenta o suco do limão. Há quem adicione mel também. Mas lá em casa, herdeira da sabedoria terapeutica das mulheres da minha família, minha mãe ainda acrescentava, além desses três ingredientes, um outro. A cebola. Desconfio que fosse apenas para dar um gostinho mais saboroso.
E assim fiz. Dá-lhe alho, limão, mel e cebola. Tudo fervido. A aparência do líquido não é das melhores e o cheiro nem de longe te anima. A imagem ao lado é só pra fazer de conta mesmo. Mas aí a lixa na garganta incomoda e a gente pensa que deve valer a pena. Funcionava quando eu era pequeno, então que seja. Mandei pra dentro. Duas xícaras de manhã, mais duas a noite.
Só que nada da garganta melhorar. Tomei mais, acrescentei gengibre que, dizem, cura tudo, inclusive garganta. E nada. Nada a não ser o hálito que, céus, nem eu não conseguia aguentar – e olha que a recomendação é você tomar isso tudo já deitado na cama depois de já ter escovado os dentes.
Enfim, a questão é que o chá não funcionou. Vai ver os médicos tem razão e tudo isso seja mais simpatia do que ciência. Ou, sei lá, vai ver me tornei cético e aí nem efeito placebo acontece. Ou então já tomei tanta porcaria quimica que nenhuma raiz, folha ou casca pode ajudar. Não sei.
Mas sinto que algo mudou desde aquele tempo em que eu ficava de molho em casa assistindo desenhos animados e tomando aquele chá terrível, certo de que no dia seguinte eu já estaria de pé para ir para escola. Sim, pois o chá era tiro e queda.
Acho que a gente cresce e as receitas caseiras param de funcionar, e tenho a impressão de que isso tem algo a ver com as aulas de ciência. O que é uma pena, pela garganta e pela minha mãe, que certa da eficácia dessa receita que já curou gerações, vai me acusar de ter errado nos ingredientes.
Fazer o que... O jeito é comprar daquelas pastilhas anti-tudo na farmácia mais próxima.
Parece até que enquanto eu dormia alguém colocou uma lixa bem ali onde a língua acaba – ou será que começa? – deixando difícil engolir, falar ou tossir, e desde segunda essa lixa foi ficando mais e mais áspera.
Nessas horas é que a gente lembra dos milagrosos chás. Aqueles que as mães e as avós faziam quando éramos pequenos. Aqueles terríveis de gosto, que exigiam que tampássemos o nariz para conseguir mandar o treco goela abaixo. Em suma, aqueles chás que a ciência ortodoxa nega qualquer poder curativo e que nenhum médico fica a vontade para recomendar enquanto remédio, mas que nossas mães e avós sabiam bem que não tinha gripe, resfriado ou garganta inflamada que resistisse a eles.
Efeito placebo? Talvez. E funciona? Funciona. Bem, pelo menos funcionava. Por isso que eu taquei um monte de coisas fedidas na panela e mandei ver no fogo.
A receita básica é alho e limão. Há quem coloque apenas a casca do limão para ferver com o alho, e só depois de fervido acrescenta o suco do limão. Há quem adicione mel também. Mas lá em casa, herdeira da sabedoria terapeutica das mulheres da minha família, minha mãe ainda acrescentava, além desses três ingredientes, um outro. A cebola. Desconfio que fosse apenas para dar um gostinho mais saboroso.
E assim fiz. Dá-lhe alho, limão, mel e cebola. Tudo fervido. A aparência do líquido não é das melhores e o cheiro nem de longe te anima. A imagem ao lado é só pra fazer de conta mesmo. Mas aí a lixa na garganta incomoda e a gente pensa que deve valer a pena. Funcionava quando eu era pequeno, então que seja. Mandei pra dentro. Duas xícaras de manhã, mais duas a noite.
Só que nada da garganta melhorar. Tomei mais, acrescentei gengibre que, dizem, cura tudo, inclusive garganta. E nada. Nada a não ser o hálito que, céus, nem eu não conseguia aguentar – e olha que a recomendação é você tomar isso tudo já deitado na cama depois de já ter escovado os dentes.
Enfim, a questão é que o chá não funcionou. Vai ver os médicos tem razão e tudo isso seja mais simpatia do que ciência. Ou, sei lá, vai ver me tornei cético e aí nem efeito placebo acontece. Ou então já tomei tanta porcaria quimica que nenhuma raiz, folha ou casca pode ajudar. Não sei.
Mas sinto que algo mudou desde aquele tempo em que eu ficava de molho em casa assistindo desenhos animados e tomando aquele chá terrível, certo de que no dia seguinte eu já estaria de pé para ir para escola. Sim, pois o chá era tiro e queda.
Acho que a gente cresce e as receitas caseiras param de funcionar, e tenho a impressão de que isso tem algo a ver com as aulas de ciência. O que é uma pena, pela garganta e pela minha mãe, que certa da eficácia dessa receita que já curou gerações, vai me acusar de ter errado nos ingredientes.
Fazer o que... O jeito é comprar daquelas pastilhas anti-tudo na farmácia mais próxima.
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