domingo, 14 de março de 2010

Domingo

Adoro o domingo. Tem todo aquele ar desagradável pra burro que antecede a segunda-feira, mas ainda assim eu adoro. Nele é que posso acordar cedinho e ir tomar café em alguma panificadora aqui por perto, e quem acha que é um programa comum ou banal, é porque nunca tentou fazer isso em uma cidade do interior. Sério, lá é difícil pacas, e pra fazer um programa domingal desses tem que ter uma baita disposição.

Primeiro que no interior as panificadoras não são projetadas para que as pessoas por lá sentem e tomem algo. Mesa é um troço raro e banquinhos frente à um balcão não chega a ser algo comum. E depois de sentado não tem como relaxar e você acaba se sentindo deslocado, pois aqueles bancos não são para sentar.

E segundo que todo mundo te olha com uma cara cretina.

Ficam bobos por inteiro só por que alguém com menos de 25 anos faz um programa desses. Eles não dizem nada, mas você percebe que lá dentro tão dizendo que isso é muito estranho: você, com menos de 25 anos, devia estar de ressaca no domingo, devia estar dormindo até tarde. Você deveria ter enchido a cara no sábado, estourado os ouvidos com alguma porcaria de som, ter dado pouca pelota para o domingo. Eles não dizem isso na sua cara, mas tá escrito na cara deles. De sacanagem dá para experimentar comprar um jornal e começar a ler ali mesmo e pronto! Aí a cretinisse na cara do pessoal aumenta. Eles não acreditam que você acorda cedo num domingo para tomar café em uma padaria lendo o jornal. Eu fico fulo com isso. Vai ver se um dia eu voltar a morar numa cidade do interior também vou ser cretino assim, sei lá.

Por isso adoro os domingos em Curitiba, as pessoas tendem a te esnobar e fica tudo por isso mesmo. Alias, dessa vez, quando eu já ia embora da tal panificadora, entram o que devia ser pai e filha. Ele velho-passado-dos-40, ela com no máximo 5 anos. Clientes e funcionários ficaram babando em cima da menininha, do nada. Espontâneos mesmo. E ela só era engraçadinha. Mas isso é um treco que visto assim, num domingo de manhã com o gosto amargo de café morrendo na boca, faz a gente esquecer que amanhã é segunda, e aí fica tudo bem. Tudo fica bem.

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