A sinopse dava a impressão de ser um filme muito foda. Sabe como é? Daquele tipo que narra o surgimento de uma lenda, de um herói. Prometia cativar a gente, provocar aquela identificação que tudo perdoa, inclusive as faltas que o herói comete. Perdoa mesmo se não for um herói como Homem Aranha ou o Superman; pode ser um herói mau, violento, humano, mesmo assim tá valendo e a gente gosta. Hollywood gosta.
Mas nem era herói, e sim heróina. Com 23 anos, bonita – atributos estéticos também são necessários em uma figura heróica -, uma década de história pelo submundo do crime. Pois é, ela também é criminosa. Faz mais o tipo justiceira, que mata bandido com raiva e frieza. Olhos de vingança, saca? Mas nem sempre quem foge de polícia tem de ser o errado, e filmes desse tipo não faltam nas prateleiras... e talvez nunca sobrem.
Detalhe que faz toda a diferença: ela só começou com esse treco por que o irmão dela foi morto por membros de uma gangue! E morto por engano, vítima do azar. Nasceu assim a heroína. Quer justificativa maior para que alguém vire um justiceiro e parta em busca de vingança? Motivo melhor para mandar pros ares uma vida comum e tornar-se uma matadora de aluguel? Ela parecia querer apenas fazer justiça com as próprias mãos. Personagens assim é que fazem sucesso hoje em dia. E, apesar de ser meio clichê nos roteiros, ela sempre se valeria da sua beleza para seduzir suas vítimas - os homens que mataram seu irmão - e depois, ainda na cama, os mataria friamente. No percurso de sua vingança alguns inocentes morreriam. E daí? Nem coadjuvantes são, nos créditos a gente nem lembra de procurar o nome por detrás da vítima.
Vá lá que talvez não pegasse muito bem uma heroína assim: bandida, matadora, que transa antes de matar, que respira vingança por uma década toda. Mas no filme ia mostrar o lado correto dela que, se alguém ainda não a vê como heróina, depois de exibido será o carimbo que a certifica como uma heroína digna. Ela passou por oito gangues, mas ela queria ter uma gangue própria para matar toda a escória de policiais corruptos, assassinos de crianças, estupradores. Ou seja, no fundo, é justiceira mesmo, não só pelo seu irmão.
Mas tem gente que gosta de personagem demasiadamente humano, com dramas pessoais o tempo todo, assim o filme tem aqueles flashes onde o herói – heróina no caso - vê imagens da sua família, seus filhos, seus sonhos agora impossíveis, e então puxa o gatilho, mais pesado do que nunca, quase arrependido. Essa também tem isso! Ela será mãe solteira, inexperiente nos cuidados maternos, dois gurizinhos para criar. E deseja ser médica. O roteiro diz que por isso ela vai tentar largar a vida do crime, deixar a polícia cuidar daqueles que mataram seu irmão, agora poucos ainda vivos.
Então ela faz uma denúncia, aponta os homens que cometeram o assassinato daquele garoto de 12 anos, um tempão atrás. A polícia, obviamente, é corrupta. Todo herói tem que se debater com policiais corruptos. Tão obvio quanto isso, também é o fato de que os denunciados, sabendo da acusação feita pela heróina, vão atrás dela e colocam ainda os policiais corruptos para ajudar na sua perseguição. Tem roteiro melhor e mais empolgante?
Dá até para pensar numa continuação, pois seria um filme grande demais para trazer isso tudo. Mas a sinopse da a entender que é díficil sair uma continuação. Limites da própria história. Obrigada a fugir de todos, sem outras alternativas a heroína continua no mundo do crime e ainda mata por dinheiro; o jeito é esquecer dos filhos, esquecer que queria ser médica. Tem até a prévia da frase que pode ser o bordão dessa heróina: Não posso mais sonhar. A história deve acabar com ela sendo só mais uma estatistica dos mortos na guerra de gangues, adverte a sinopse. Também seria um final interessante, melhor do que felizes para sempre.
Ia ser um puta filme. Corro os olhos para o alto da página do jornal, buscando o título para procurar na locadora. Aí então eu entendo que não era sinopse, que eu não estava no caderno Cultura, que aquilo não era uma heróina. Ela é fato, é colombiana, pede para ser chamada de Cabotera. Bem que eu estranhei que essa heróina não tinha nenhum super poder e estava real demais, demais mesmo para acreditar nisso tudo.
Mas nem era herói, e sim heróina. Com 23 anos, bonita – atributos estéticos também são necessários em uma figura heróica -, uma década de história pelo submundo do crime. Pois é, ela também é criminosa. Faz mais o tipo justiceira, que mata bandido com raiva e frieza. Olhos de vingança, saca? Mas nem sempre quem foge de polícia tem de ser o errado, e filmes desse tipo não faltam nas prateleiras... e talvez nunca sobrem.
Detalhe que faz toda a diferença: ela só começou com esse treco por que o irmão dela foi morto por membros de uma gangue! E morto por engano, vítima do azar. Nasceu assim a heroína. Quer justificativa maior para que alguém vire um justiceiro e parta em busca de vingança? Motivo melhor para mandar pros ares uma vida comum e tornar-se uma matadora de aluguel? Ela parecia querer apenas fazer justiça com as próprias mãos. Personagens assim é que fazem sucesso hoje em dia. E, apesar de ser meio clichê nos roteiros, ela sempre se valeria da sua beleza para seduzir suas vítimas - os homens que mataram seu irmão - e depois, ainda na cama, os mataria friamente. No percurso de sua vingança alguns inocentes morreriam. E daí? Nem coadjuvantes são, nos créditos a gente nem lembra de procurar o nome por detrás da vítima.
Vá lá que talvez não pegasse muito bem uma heroína assim: bandida, matadora, que transa antes de matar, que respira vingança por uma década toda. Mas no filme ia mostrar o lado correto dela que, se alguém ainda não a vê como heróina, depois de exibido será o carimbo que a certifica como uma heroína digna. Ela passou por oito gangues, mas ela queria ter uma gangue própria para matar toda a escória de policiais corruptos, assassinos de crianças, estupradores. Ou seja, no fundo, é justiceira mesmo, não só pelo seu irmão.
Mas tem gente que gosta de personagem demasiadamente humano, com dramas pessoais o tempo todo, assim o filme tem aqueles flashes onde o herói – heróina no caso - vê imagens da sua família, seus filhos, seus sonhos agora impossíveis, e então puxa o gatilho, mais pesado do que nunca, quase arrependido. Essa também tem isso! Ela será mãe solteira, inexperiente nos cuidados maternos, dois gurizinhos para criar. E deseja ser médica. O roteiro diz que por isso ela vai tentar largar a vida do crime, deixar a polícia cuidar daqueles que mataram seu irmão, agora poucos ainda vivos.
Então ela faz uma denúncia, aponta os homens que cometeram o assassinato daquele garoto de 12 anos, um tempão atrás. A polícia, obviamente, é corrupta. Todo herói tem que se debater com policiais corruptos. Tão obvio quanto isso, também é o fato de que os denunciados, sabendo da acusação feita pela heróina, vão atrás dela e colocam ainda os policiais corruptos para ajudar na sua perseguição. Tem roteiro melhor e mais empolgante?
Dá até para pensar numa continuação, pois seria um filme grande demais para trazer isso tudo. Mas a sinopse da a entender que é díficil sair uma continuação. Limites da própria história. Obrigada a fugir de todos, sem outras alternativas a heroína continua no mundo do crime e ainda mata por dinheiro; o jeito é esquecer dos filhos, esquecer que queria ser médica. Tem até a prévia da frase que pode ser o bordão dessa heróina: Não posso mais sonhar. A história deve acabar com ela sendo só mais uma estatistica dos mortos na guerra de gangues, adverte a sinopse. Também seria um final interessante, melhor do que felizes para sempre.
Ia ser um puta filme. Corro os olhos para o alto da página do jornal, buscando o título para procurar na locadora. Aí então eu entendo que não era sinopse, que eu não estava no caderno Cultura, que aquilo não era uma heróina. Ela é fato, é colombiana, pede para ser chamada de Cabotera. Bem que eu estranhei que essa heróina não tinha nenhum super poder e estava real demais, demais mesmo para acreditar nisso tudo.
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